sábado, 29 de março de 2014

Viagem à Europa - Março de 2014 - Fonte: "Público", 2014/3/29

O comboio para Nice começa a andar devagar, quase fantasmagórico, pouco depois da partida. Até que pára. Da janela vê-se uma sucata: duas montanhas de carros espatifados, vários cubos de metal, súmula compacta  do que foram antes esses carros.
Uma inglesa percebe que vai perder o avião, duas russas em passeio pela Côte d’Azur arrependem-se de não ter apanhado o comboio seguinte. Um atraso no primeiro comboio implica ligações perdidas e uma chegada muito mais tardia; é o pesadelo de quem viaja.

Não é algo raro nesta linha, diz Sarah Taghouti, 21 anos, estudante de comunicação multimédia, que todos os dias chega à estação para apanhar o comboio das 6h31, faz duas horas de Marselha para St. Raphael, onde é o curso, e ao fim do dia, apanha o comboio das 20h, mais duas horas de volta de St. Raphael para Marselha.
Já só faltam uns meses para acabar o curso e fazer um estágio. O mercado de trabalho em Marselha não está brilhante, e ela queria mesmo era ser realizadora. “Mas isso é impossível”, diz. No entanto, está optimista; planeia uma start up com amigos. "Acho que temos boas hipóteses."
A meio da conversa, finalmente chega a um comboio de substituição, mas continuamos a falar e da economia passamos para a multiculturalidade de Marselha. Sarah comenta: “Em França são um pouco racistas. Às vezes sinto isso. Eu sou francesa, nasci cá, apenas tenho mãe tunisina. O que é que isso tem? Não percebo o ponto de vista destas pessoas.”
Uma funcionária dos comboios distribui água, sumo e bolachas, tudo numa caixa arrumada, “lamentamos o atraso”.
Pergunto a Sarah sobre o tema quente do momento, as eleições: ela não se interessa. “Votei numas eleições, as presidenciais, primeiro Mélenchon e depois Hollande, mas fiquei muito desiludida.” Mesmo que se fale da Frente Nacional: “É triste que haja pessoas a votar neles.”
Durante cerca de um mês vamos andar em viagem pela Europa. Seguem-se Milão, Atenas, Sófia, Budapeste, Berlim, Amesterdão, Calais, Londres e Bruxelas. Se tiver sugestões, contactenos PÚBLICO):viagemeuropa@publico.pt.

terça-feira, 4 de março de 2014

Fumar altera cérebro de adolescentes, segundo Expresso, 2014/3/4

Fonte: Expresso, 2014/3/4: Os resultados do estudo mostram que fumar durante a adolescência causa mudanças no cérebro que tornam mais difícil deixar o tabaco mais tarde
Nuno Fox


Um estudo revela que a exposição precoce ao tabaco pode afetar a maneira como se deseja nicotina.

Começar a fumar muito jovem pode diminuir a parte do cérebro responsável pela tomada de decisões e pela capacidade de controlar a vontade de fumar, revela um estudo norte-americano.
A investigação, publicada no jornal "Neuropsychopharmacology", descobriu que a ínsula direita dos jovens fumadores é mais fina do que a dos não-fumadores, e que essa diferença nasce com o hábito de fumar um maço de cigarros ou menos por dia.

A parte do cérebro em questão, altamente sensível à nicotina, é responsável pela tomada de decisões e está associada a áreas que abragem tanto os vícios como a capacidade de controlar a vontade de fumar.
"É possível que fumar durante este período possa ter efeitos e altere a dependência de tabaco mais tarde na vida, e que isso acabe por influenciar a trajetória de desenvolvimento do cérebro", explica Edythe London, uma das investigadoras responsáveis pelo estudo à revista "Time". 
Os resultados dos cientistas da Universidade da Califórnia, Los Angeles, mostram que fumar durante a adolescência, uma altura importante para o desenvolvimento do cérebro, causa mudanças que tornam mais difícil deixar o tabaco mais tarde.
"Acho que esta descoberta é muito entusiasmante porque aponta para uma vulnerabilidade, um fator de vulnerabilidade com potencial, quer para que os jovens se tornem dependentes da nicotina ou para os efeitos daí decorrentes na trajetória do desenvolvimento do cérebro", concluiu Edythe London. 
Essa mudança de trajetória pode não só alterar o comportamento do fumador mas a tomada de decisões, no geral, já que a ínsula é responsável por essas funções.
Os cientistas norte-americanos chegaram a estas conclusões depois de analisarem o cérebro de 18 adolescentes fumadores e de 24 adolescentes não-fumadores, entre os 16 e os 21 anos.  
O foco desta investigação surgiu na sequência de descobertas anteriores, que já mostravam alterações causadas pelo tabaco no tamanho e volume da ínsula em adultos e animais.

Fonte:: http://expresso.sapo.pt/fumar-altera-cerebro-de-adolescentes=f859034#ixzz2uz1MKbQj [Acedido a 2014/3/4]