sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Stop Cancro do Colo do Útero

O CANCRO DO COLO DO ÚTERO

O Colo do Útero

O colo do útero faz parte do aparelho reprodutor feminino. É a parte inferior e mais estreita do útero (“ventre”). O útero é um órgão oco, em forma de pêra, situado no abdómen inferior. O colo do útero liga o útero à vagina que, por sua vez, conduz ao exterior do corpo.

O canal cervical é uma passagem. O sangue é libertado do útero e passa através do canal até à vagina, durante o período menstrual da mulher. O colo do útero também produz muco , que ajuda os espermatozóides a deslocarem-se desde a vagina até ao útero. Durante a gravidez, o colo do útero contrai-se para ajudar a manter o bebé no interior do útero. Durante o parto, o colo do útero abre-se (dilatação) para permitir a passagem do bebé através da vagina.

Fonte: National Cancer Institute • Com o apoio da 

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Franklin McCain, um negro que ousou pedir café no balcão errado da América

McCain (segundo a contar da esquerda) sentiu-se "quase invencível" naquele balcão 


Franklin McCain, um negro que ousou pedir café no balcão errado da América

13/01/2014 - 07:59, PÚBLICO

Foi um dos pioneiros da luta contra a segregação racial. Em 1960, ele e outros três estudantes sentaram-se num snack-bar reservado a brancos em Greensboro, na Carolina do Norte, num protesto que se espalhou ao país.

“Se não consegues encontrar alguma coisa pela qual estás disposto a perder a vida, então deves perguntar-te porque estás cá”. Franklin McCain tinha apenas 19 anos mas talvez esta convicção estivesse já firme na sua cabeça quando, a 1 de Fevereiro de 1960, entrou nos armazéns da Woolworth em Greensboro, na Carolina do Norte, e se sentou com três colegas da universidade ao balcão de um snack-bar reservado a brancos. 

Pediram café edonuts e, quando recusaram servi-los ficaram ali sentados até a loja fechar. Voltaram no dia a seguir e em todos os seguintes – o pequeno grupo transformou-se numa multidão, que inspirou outras e ajudou a incendiar a luta pela igualdade entre brancos e negros na América dos anos 1960.

McCain morreu quinta-feira, aos 73 anos, de complicações pulmonares e os obituários que a imprensa lhe dedicou foram elegias da ousadia juvenil dos Quatro de Greensboro (como ficaram conhecidos), transformada em marco dos protestos contra a segregação dos negros. “McCain e os seus três colegas foram heróis à moda antiga, soldados no puro sentido da palavra: fartos da sua situação, incapazes de a tolerar por mais tempo, temendo os custos de se manterem inactivos por mais tempo, ergueram-se e foram à luta”, escreveu a revista The Atlantic.

Não foram os primeiros a protestar – de forma pacífica, sem provocações mas sem transigir – contra os estabelecimentos que tratavam de forma diferente os clientes conforme a sua raça.  Mas até então, nenhuma outra iniciativa atraíra tanto a atenção.

Numa das várias entrevistas que deu em 2010, no 50.º aniversário do seu sit-in, McCain explicou ao Charlotte Observer, o que levou os quatro caloiros da Universidade de Agricultura e Tecnologia da Carolina do Norte, uma escola só para negros, a passar à acção. Os pais e os avós tinham-lhes ensinado que, se cumprissem as leis e trabalhassem no duro, seriam bem-sucedidos: “Eu sentia-me parte de uma grande mentira. Todos nos sentíamos assim.” Depois de meses a discutir as injustiças da segregação, decidiram que era altura de fazer qualquer coisa e, na noite de 31 de Janeiro de 1960, escolheram o alvo: a cadeia Woolworth que, nos estados do sul, impunha a segregação aos seus clientes. 

Na tarde do dia seguinte, entraram na loja de Greensboro e, depois de comprarem material escolar e pedirem a factura (para provar que tinham feito despesas), sentaram-se em quatro bancos altos do snack-bar reservado a brancos. “Estávamos assustados”, contou David Richmond, um dos quatro, que morreu em 1990. “A adrenalina corria-me nas veias, mas se alguém ao balcão tivesse gritado ‘buhh!’ eu teria fugido a correr”.  
Demasiado zangado para sentir medo
As recordações de McCain são diferentes. “Não tinha medo porque estava demasiado zangado para sentir medo. Sabia que se tivéssemos sorte iríamos passar muito tempo na prisão. Caso contrário, podíamos regressar ao campusnum caixão de pinho”. Desafiar a segregação que fazia lei nos estados do Sul era arriscar a prisão e os espancamentos eram uma rotina. Mas McCain diz que, “15 segundos” depois de se sentar sentiu algo inédito: “Foi uma sensação de liberdade, de dignidade recuperada. Senti-me quase invencível”, contou, em 2010, à rádio pública NPR.

Não foram espancados, nem presos. Mas o empregado recusou servi-los, um polícia disse-lhes para saírem dali, tocando de forma ameaçadora no cassetete, e um empregado negro acusou-os de serem agitadores. Mantiveram-se sentados e ouviram insultos de clientes brancos, mas também palavras de incentivo. “Uma senhora de idade que estava a observar a cena aproximou-se e sussurrou ‘rapazes, tenho tanto orgulho em vocês’ e eu aprendi que nunca se deve julgar alguém antes de termos tido oportunidade de falar com essa pessoa”.
A loja fechou mais cedo e os quatro regressaram a casa, esfomeados mas determinados. Na manhã seguinte regressaram ao mesmo lugar, seguidos por 25 colegas e alguns jornalistas. No final da semana, eram já 300 e o protesto alastrava – primeiro a outras cidades da Carolina do Norte, depois a outros estados (há quem fale em 55 cidades, há quem conte mais de 250). Nem todos foram bem-sucedidos, mas a acumulação de protestos, escreveu o New York Times, “contribui para o impulso que levou à aprovação da Civil Rights Act de 1964”, que proibiu a segregação nos locais públicos a nível federal.

Em Greensboro, a luta dera frutos muito antes. A 25 de Julho de 1960, Woolworth passou a atender todos os clientes por igual. Em 2010, a loja deu lugar ao Museu dos Direitos Cívicos e o balcão foi levado para o Museu Smithsonian de História Americana, em Washington.

Mas para McCain, o sit-in foi apenas o começo de uma vida de activismo pelos direitos cívicos. Aos 68 anos, numa entrevista à jornalista Mary C. Curtis, admitia sentir-se feliz com a nova face do país – a América que elegeu Barack Obama, um negro, para a presidência –, mas desafiava as novas gerações a não baixarem os braços. “A todo o momento sou recordado que em qualquer luta pela mudança são precisas apenas algumas pessoas para fazer a diferença, às vezes apenas uma”.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Os maços de tabaco vão passar a ter 65% da embalagem coberta com imagens chocantes?

Maços terão mais avisos anti-fumo e alguns cigarros electrónicos só serão vendidos nas farmácias. Governo promete rever lei nacional em breve.
Os maços de tabaco vão passar a ter 65% da embalagem coberta com imagens chocantes, os sabores como baunilha, morango e mentol serão proibidos e os cigarros electrónicos terão regras apertadas e alguns apenas poderão ser vendidos em farmácias.

As regras constam de uma nova lei europeia, que há duas semanas teve finalmente luz verde das instituições comunitárias, e poderão rapidamente ser aplicadas em Portugal. É que o Governo português quer que estas medidas europeias entrem em vigor juntamente com as alterações à lei do tabaco – que estão prontas, no gabinete do secretário de Estado da Saúde.

Segundo fonte governamental, o objectivo é que as alterações à lei sejam aprovadas em Conselho de Ministros já no primeiro semestre do ano. A ideia é proibir o fumo em todos os espaços públicos. “Este alargamento de espaços fechados livres de fumo será feito de forma faseada”, adiantou ao SOL o secretário de Estado da Saúde, Leal da Costa, acrescentando que haverá “uma moratória para os que têm sistema de extracção de fumo instalados”. 

Ou seja, o Governo quer dar às discotecas, aos bares e aos restaurantes – que ao abrigo da lei anterior investiram em sistemas de purificação do ar para terem espaços de fumadores – a oportunidades de amortizarem o investimento.
Excluída está a ideia de proibir o fumo nos carros onde são transportadas crianças, nos espaços ao ar livre ou em casa de cada um. As máquinas de venda automática também não serão totalmente proibidas.

A revisão da lei do tabaco tem vindo a ser sucessivamente adiada. A última justificação oficial foi a de que não fazia sentido mudar a legislação sem saber o conteúdo da directiva comunitária, que há cerca de dois anos estava a ser discutida nas instituições europeias, à espera de um consenso. O que acabou por acontecer no passado dia 18 de Dezembro, data em que o Parlamento Europeu e o Conselho de Ministros da União Europeia (UE) chegaram a acordo. “Havia várias divergências entre o Parlamento e o conselho da União, mas finalmente alcançou-se um consenso”, diz ao SOL fonte oficial do Parlamento Europeu, explicando que as ideias do conselho eram mais radicais no combate ao fumo. Este último defendia que as imagens chocantes ou avisos ocupassem 75% dos maços e queria que os cigarros electrónicos fossem equiparados a medicamentos.

As negociações foram intensas e houve cedências de parte a parte para se conseguir rever as normas de fabrico e comercialização do tabaco, cuja legislação europeia data já de 2001.

Vendidos nas farmácias

Assim, foram aprovadas várias alterações. O mercado dos cigarros electrónicos vai ser pela primeira vez regulado. 

Todos os produtos que tiverem uma concentração de nicotina superior a 20mg/ml ou que anunciarem ter propriedades curativas ou preventivas da dependência do tabaco só poderão ser vendidos nas farmácias, sujeitando-se às regras dos restantes medicamentos.

Os restantes serão considerados produtos equivalentes ao tabaco, pagando o mesmo imposto e sujeitando-se às mesmas normas, incluindo os avisos à saúde e a proibição de serem vendidos a menores de 18 anos.

O espaço nos maços dedicado a imagens dissuasoras também sofrerá alterações: a legislação actual obriga a que os avisos cubram entre 30 a 40% dos maços (na frente e nas costas) e as novas regras aumentam esse valor para 65%. A dimensão dos maços também foi alterada (ver texto em cima), tendo sido proibida a venda de pacotes com menos de 20 cigarros.

Os sabores como morango, baunilha, mentol ou outros serão banidos para deixarem de ser atraentes para os jovens, alegam as instituições europeias. No entanto, os cigarros de mentol poderão existir até 2020, uma vez que foi definida uma excepção.

A directiva – que teve origem numa proposta da Comissão Europeia para travar o consumo de tabaco entre os jovens – vai ser aprovada pelo Parlamento em reunião plenária, em Fevereiro, segundo apurou o SOL junto de fonte comunitária. Logo depois será aprovada em Conselho de Ministros europeu e publicada no Jornal Oficial da UE para entrar em vigor. Os Estados-membros terão dois anos, no máximo, para transpor as regras para as leis nacionais.

Estudo revela que há mais fumadores em Portugal

Apesar de aplaudir as medidas aprovadas pela Europa, Luís Rebelo, da Confederação Portuguesa da Prevenção do Tabagismo, lamenta que “a linha económica tenha prevalecido sobre os aspectos da saúde”. E dá como exemplo os cigarros de mentol, onde a proposta inicial previa que fossem proibidos de imediato.

Em relação à revisão da lei portuguesa, Luís Rebelo está ainda mais céptico. “Não estou nada optimista”, adianta, esclarecendo que o facto de o Governo definir um prazo longo para libertar de fumo todos os espaços mostra que não há muita vontade política. “Discordamos totalmente da moratória”, diz o responsável daquela confederação, sublinhado que o número de fumadores entre os jovens está a aumentar. 

De acordo com dados europeus, 70% dos fumadores começam a fumar antes dos 18 anos e 94% antes dos 25.
E, em Portugal, os resultados preliminares de um estudo que está a ser realizado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge ¬– e que estará concluído em 2014 – revela um aumento do consumo do tabaco desde 2008, ano em que entrou em vigor a legislação que restringiu o fumo em espaços públicos.

“A lei portuguesa é boa, o problema é a sua fiscalização”, diz Edite Estrela, a eurodeputada que liderou as negociações portuguesas no Parlamento Europeu.
Já José Manuel Calheiros, da Sociedade Portuguesa da Tabacologia, considera que, em Portugal, o combate aos cigarros é feito com “meias leis”. “A lei do tabaco está cheia de ambiguidades. 

E é sistematicamente violada porque a fiscalização é ineficaz”, lamenta, dando como exemplo o facto de muitos cafés serem multados por não terem o dístico a identificar as zonas de não fumadores e nada acontecer se alguém for apanhado a fumar em locais livres de fumo.

Os dados da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) mostram que as multas por infracções têm vindo a cair a pique desde 2008: nesse ano, foram instaurados 1.339 processos de coimas e em 2013 apenas 253.


2014/1/8